Audiência pública discute desafios da mobilidade no bairro Belvedere, em BH

Audiência pública discute desafios da mobilidade no bairro Belvedere, em BH

Os desafios da mobilidade no bairro Belvedere, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, foram tema de audiência pública realizada, quinta-feira pela Comissão de Mobilidade Urbana, Indústria, Comércio e Serviços da Câmara Municipal.

A reunião, solicitada pela vereadora Fernanda Pereira Altoé (Novo), teve como objetivo discutir o presente e o futuro da região, que impacta diretamente a dinâmica de toda a capital.

Coincidentemente, no mesmo dia, os tapumes entre as avenidas Raja Gabaglia e Nossa Senhora do Carmo foram retirados, marcando um novo capítulo nas discussões sobre intervenções na área.

Críticas à falta de planejamento e investimentos

Representantes da sociedade civil expuseram as principais demandas da região, enquanto autoridades da Sudecap, da Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (Seinfra) e do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) apresentaram ações em curso.

José Aparecido Ribeiro, presidente da ONG SOS Mobilidade Urbana, criticou o histórico de falta de planejamento: “Há mais de 30 anos BH enfrenta os mesmos problemas. Foi instalada a cultura do puxadinho, dos paliativos”.

O vereador Braulio Lara (Novo) concordou, lembrando que projetos para o Belvedere datam de 2008 e nunca foram executados.“Precisamos virar páginas em Belo Horizonte”, disse.

Walmir de Castro Braga, presidente da Associação Univiva, afirmou que todas as grandes obras de impacto na região partiram da iniciativa privada ou da sociedade civil.“O poder público tem negligenciado o Vetor Sul”, acusou.

Obras paralisadas e impacto ambiental

A retirada dos tapumes foi motivada por manifestações de moradores contra o remanejo de árvores na região. O superintendente da Sudecap, Leonardo José Gomes Neto, explicou que o trecho ambientalmente sensível foi removido do projeto, reduzindo a intervenção em 25%. A empresa responsável optou por não seguir com a execução, e uma nova licitação será necessária.

A vereadora Trópia (Novo) classificou a retirada comosolução simplista” e defendeu alternativas que conciliem desenvolvimento urbano com preservação ambiental:“Essa dicotomia entre meio ambiente e mobilidade está ultrapassada”.

A discussão esquentou quando Benny Cohen, da Associação de Amigos do Bairro Belvedere, manifestou preocupação com a obra que atravessa o parque da linha férrea, destacando que a área é parte de um aquífero que abastece a Estação Ecológica do Cercadinho: “Falar em selagem da água sem abordar o impacto ambiental é um crime ambiental a caminho”, alertou.

Fronteiras urbanas e responsabilidades compartilhadas

Outro ponto crítico envolve a divisão territorial entre BH e Nova Lima. Um trecho da área de obras pertence à União, e o presidente da Associação dos Moradores do Belvedere, José Eugênio de Avelar Monteiro de Castro, defendeu a doação dos terrenos aos municípios para evitar entraves legais.

A promotora Vanessa Maia de Amorim Evangelista, do Ministério Público de Minas Gerais, explicou que o órgão acompanha o projeto, que ainda está em fase embrionária, e reforçou que o MP atuará para garantir o respeito às normas técnicas e ambientais. Uma nova audiência pública será realizada para discutir o projeto de forma mais ampla.

Decisões participativas ou individuais?

O debate sobre a possibilidade de retomar o projeto original com base em nova consulta popular dividiu opiniões. Enquanto alguns representantes defenderam respeitar a decisão anterior, outros sugeriram que uma nova rodada de escuta poderia melhor representar a vontade da maioria dos moradores.

Fernanda Pereira Altoé concluiu o encontro ressaltando que o problema da mobilidade no Belvedere não é isolado e deve ser encarado como parte de um desafio maior de Belo Horizonte: “Quando todos são responsáveis, ninguém toma a dianteira. É preciso assumir responsabilidades individuais para que as decisões avancem.”

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Fonte: Balcão News

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