
Quando o lúpus atinge os olhos
Maio é o mês de conscientização sobre o Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), doença autoimune crônica que pode atingir diversos órgãos e sistemas do corpo humano, como pele, articulações, rins, pulmões e coração.
O que nem todos sabem, no entanto, é que os olhos também podem ser afetados. Em muitos casos, essas manifestações oculares são silenciosas, o que torna essencial o acompanhamento oftalmológico regular como parte do cuidado integral com a doença.
Estima-se que aproximadamente um terço dos pacientes com lúpus eritematoso sistêmico (LES) desenvolvem algum tipo de alteração ocular. Entre as manifestações mais comuns está a síndrome do olho seco, decorrente da inflamação das glândulas lacrimais. Também podem ocorrer complicações mais graves, como retinopatia lúpica, neurite óptica e esclerite.
Estas condições, se não forem diagnosticadas e tratadas precocemente, podem causar prejuízos irreversíveis à visão.
Mesmo quando não há sintomas visuais evidentes, é recomendável que pacientes com lúpus mantenham consultas oftalmológicas periódicas. A avaliação especializada permite identificar alterações precoces e iniciar o tratamento adequado, muitas vezes antes que os sintomas se manifestem de forma mais agressiva.
É uma estratégia preventiva que pode evitar danos visuais severos e preservar a qualidade de vida.
Outro ponto que merece atenção é o impacto dos próprios medicamentos usados no controle do lúpus. Corticoides e imunossupressores, por exemplo, são fundamentais para estabilizar a doença, mas podem causar efeitos adversos nos olhos, como catarata e aumento da pressão intraocular, que pode evoluir para glaucoma.
O acompanhamento oftalmológico é fundamental para detectar essas complicações e adotar as medidas necessárias a tempo.
O cuidado com a visão deve integrar a abordagem multidisciplinar no tratamento do lúpus. Preservar a saúde ocular é essencial para assegurar a autonomia e a qualidade de vida dos pacientes ao longo do tempo.
Ao incluir os olhos na atenção à doença, ampliamos a compreensão sobre o lúpus e promovemos um tratamento mais abrangente e eficaz.
Dra Paula Veloso, oftalmologista do Instituto de Olhos Minas Gerais (IOMG)
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Fonte: Balcão News