
Barroso anuncia saída do STF após sanções dos EUA
Ministro Barroso comunica aposentadoria
Luís Roberto Barroso, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), surpreendeu o cenário jurídico e político nacional ao anunciar, nesta quinta-feira (9), sua saída da Corte. O comunicado vem em um momento turbulento, poucos dias após o término de seu mandato como presidente do STF e após ser incluído em uma lista de sanções emitida pelo governo dos Estados Unidos.
Em tom sereno, porém firme, Barroso declarou:
“Sinto que agora é hora de seguir novos rumos.”
Durante sua fala de despedida na última sessão plenária em que participou, o magistrado deixou claro que a decisão de se aposentar não foi influenciada pelas sanções norte-americanas.
Barroso também disse que tentou se encontrar ontem com Lula para avisar que iria anunciar a aposentadoria nesta quinta-feira, mas a reunião foi desmarcada.
“Tinha marcado uma audiência para ontem, mas com as circunstancia políticas, foi preciso adiar. Não consegui falar diretamente com ele”, completou.
Sanções internacionais e repercussão
Apesar da negação de vínculo entre os eventos, o anúncio de sua saída ocorre após a imposição de medidas punitivas por parte dos Estados Unidos. As sanções, colocaram Barroso sob escrutínio internacional.
A decisão repercutiu com força nos bastidores da política brasileira, despertando debates sobre soberania, independência institucional e o impacto de pressões externas sobre decisões de figuras públicas de alto escalão.
Permanência temporária no STF
Embora tenha comunicado sua aposentadoria, Barroso ainda permanecerá brevemente no STF. A previsão é de que ele continue nos próximos dias apenas para finalizar e liberar os processos ainda sob sua relatoria. Trata-se de uma medida de responsabilidade institucional, segundo informou seu gabinete.
Substituição será definida por Lula
Com a saída de Barroso, a responsabilidade pela nomeação de um novo ministro recai sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Será a segunda indicação feita por Lula nesta nova gestão, o que tende a gerar grande expectativa no meio jurídico, dada a relevância estratégica da vaga.
A escolha do sucessor pelo presidente Lula, em nada deverá alterar os rumos de votações futuras na Corte.

Trajetória no Supremo Tribunal Federal
Luís Roberto Barroso chegou ao STF em 2013, nomeado pela então presidente Dilma Rousseff. Ele assumiu a cadeira deixada pelo ministro Carlos Ayres Britto, que se aposentou compulsoriamente após completar 70 anos, conforme as regras vigentes à época.
Desde sua entrada, Barroso se destacou como um magistrado de perfil progressista, de discurso articulado e presença marcante nos debates públicos. Ao longo dos anos, tornou-se uma das vozes mais ouvidas — e também contestadas — do Judiciário brasileiro.
Formação acadêmica de excelência
Natural de Vassouras, no estado do Rio de Janeiro, Barroso construiu uma trajetória acadêmica de alto nível. Doutor em Direito Público pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), também possui mestrado pela prestigiada Yale Law School, nos Estados Unidos.
Sua formação internacional ajudou a moldar uma visão cosmopolita sobre o direito constitucional e os direitos humanos, temas recorrentes em suas decisões no STF.
Carreira de causas emblemáticas
Antes de ingressar na Suprema Corte, Barroso atuou por décadas como advogado constitucionalista. Em sua carreira, liderou defesas emblemáticas que marcaram o país, como a legalização da interrupção da gravidez em casos de anencefalia, a aprovação das pesquisas com células-tronco embrionárias e o reconhecimento legal das uniões homoafetivas.
Barroso também representou o governo brasileiro na defesa da permanência do ex-ativista italiano Cesare Battisti no Brasil — um dos casos mais polêmicos da política internacional recente envolvendo o país.
Legado e críticas
O legado de Barroso é extenso e complexo. Aclamado por setores que defendem avanços em direitos civis e sociais, ele também enfrentou críticas contundentes de grupos conservadores e setores que consideram sua atuação excessivamente politizada.
Um novo ciclo se inicia
O ministro encerra sua jornada na mais alta Corte do país com um currículo que mistura admiração e controvérsia. Agora, o foco se volta para os próximos passos de sua carreira — ainda desconhecidos — e, principalmente, para a escolha de seu substituto.
Enquanto isso, o Brasil observa atento os desdobramentos políticos, diplomáticos e institucionais que sua saída pode desencadear.
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Fonte: Balcão News