
Entenda como as doenças tropicais podem afetar a visão
A Organização Mundial da Saúde (OMS) mantém uma lista de 20 doenças tropicais negligenciadas (DTN), que são consideradas prioridades globais, e recomenda estratégias de saúde pública para a sua prevenção e controle.
De acordo com a agência, mais de 1,7 bilhão de pessoas no mundo podem estar sob o risco das DTN, dentre as quais as mais comuns no Brasil são a dengue, leishmaniose e doença de Chagas.
Causadas por diferentes agentes patógenos, essas três enfermidades infecciosas também podem trazer sérios prejuízos aos olhos. A dengue provoca uma inflamação nas estruturas oculares, acarretando inúmeras alterações na visão, tanto externamente quanto na retina e no vítreo. Os pacientes podem apresentar hemorragias subconjuntivais, que são manchas vermelhas na parte branca dos olhos, conjuntivites e esclerites, edema macular e oclusões vasculares na retina, além de descolamento seroso de retina, uveítes e neurite no nervo óptico.
Os agravos variam conforme o tipo de distúrbio ocular decorrente da dengue, incluindo dor, vermelhidão, sensação de areia ou corpo estranho nos olhos, ardência, coceira, visão embaçada, secreção, pálpebras inchadas e fotofobia. Em casos raros de hemorragia na retina, o indivíduo pode ter perda temporária ou permanente da visão.
As lesões oculares em humanos associadas à leishmaniose vêm sendo objeto de estudos há alguns anos. Os parasitas do gênero Leishmania podem afetar as pálpebras e as estruturas dos olhos, até mesmo a retina, com o risco de provocar cegueira. Artigos científicos relatam ocorrências, ainda que excepcionais, de hemorragias secundárias, uveíte (inflamação da íris) e ceratite (inflamação da córnea), que pode evoluir para uma perfuração da córnea.
Tais problemas envolvem sintomas como vermelhidão, fotofobia, lacrimejamento, embaçamento da visão, dor ao piscar, desconforto ocular e secreção purulenta.
Na doença de Chagas, o protozoário Trypanosoma cruzi pode penetrar na mucosa dos olhos e desencadear inflamação na conjuntiva ou na córnea, além de poder comprometer a vascularização ocular e a pressão intraocular. Em situações pouco comuns, a doença pode levar a uma neuropatia óptica, uma inflamação do nervo óptico que pode ocasionar perda parcial ou total da visão.
O diagnóstico precoce dessas doenças tropicais é fundamental para um tratamento adequado e o encaminhamento ao oftalmologista – se o médico identificar sinais e sintomas oculares –, a fim de reduzir os riscos de complicações e danos irreversíveis à visão.
Dra. Paula Veloso Avelar Ribeiro (oftalmologista do Instituto de Olhos Minas Gerais (IOMG), especialista em retina e uveíte)
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Fonte: Balcão News