Motofaixas para motociclistas em BH ganham força

Motofaixas para motociclistas em BH ganham força

A criação de faixas exclusivas para motociclistas, motofaixas, nas principais vias de Belo Horizonte, uma antiga demanda da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), está mais próxima de se concretizar. Desde 2016, a entidade tem pressionado os órgãos municipais de trânsito para incluir em seus planejamentos a implementação das chamadas motofaixas — corredores destinados exclusivamente à circulação de motos — como medida para aumentar a segurança no tráfego urbano.

Em 2024, esse pleito deu um importante passo rumo à sua materialização com a articulação bem-sucedida da CDL/BH para a inclusão de uma emenda orçamentária no valor de R$ 400 mil na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2025, destinada exclusivamente à viabilização dessas faixas. A proposta foi aprovada pela Câmara Municipal de Belo Horizonte e sancionada pelo Executivo, o que representa um marco na mobilidade urbana da capital mineira.

Apoio do prefeito Álvaro Damião

Durante entrevista recente, o prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião, manifestou apoio público à iniciativa. Apesar de reconhecer limitações em algumas vias, ele foi enfático ao afirmar que, onde houver viabilidade técnica, as faixas exclusivas serão implantadas.

“Temos algumas restrições urbanísticas e técnicas, mas estamos empenhados em levar adiante essa proposta. A segurança no trânsito é uma prioridade da nossa gestão”, declarou o prefeito, sinalizando que o assunto não apenas entrou na pauta da administração municipal como tem potencial para ser executado já no próximo ano.

Um projeto que nasceu com a campanha ‘Ande Seguro’

A proposta de motofaixas surgiu dentro do contexto da campanha educativa Ande Seguro, promovida anualmente pela CDL/BH. Essa iniciativa visa à conscientização de motociclistas quanto à pilotagem defensiva, uso de equipamentos de proteção e manutenção preventiva dos veículos.

A campanha tem sido um pilar na construção de uma nova cultura de segurança no trânsito da capital, dialogando com entregadores, mototaxistas e trabalhadores do comércio e dos serviços que utilizam a motocicleta como principal ferramenta de trabalho. A motofaixa, portanto, não é uma ação isolada, mas parte de um esforço integrado para melhorar as condições de circulação nas ruas de BH.

Motofaixa e motobox: segurança e ordenamento

Além da motofaixa, a CDL/BH também tem defendido a ampliação das zonas de espera exclusivas para motocicletas nos semáforos, conhecidas como motoboxes. Esses espaços, já implantados em alguns pontos estratégicos da cidade, permitem que os motociclistas aguardem a abertura do sinal à frente dos demais veículos, facilitando o arranque e minimizando o risco de colisões traseiras.

A coexistência de motofaixa e motobox visa proporcionar não apenas mais fluidez, mas, sobretudo, um redesenho da ocupação das vias que contemple a crescente presença das motos nos deslocamentos urbanos. Um planejamento mais inteligente, seguro e funcional.

Importância econômica do motociclista urbano

O presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva, destacou o papel estratégico dos motociclistas para a economia local. “Os profissionais sobre duas rodas são protagonistas da logística urbana, especialmente no comércio e nos serviços. Durante a pandemia, o trabalho desses entregadores foi ainda mais valorizado, revelando sua importância vital”, frisou.

Segundo Souza e Silva, garantir condições de trabalho seguras para esses trabalhadores é responsabilidade coletiva. Ele enfatiza que não se trata apenas de infraestrutura viária, mas de uma política pública de proteção à vida. “Com o crescimento do uso da motocicleta, precisamos criar condições estruturais para evitar tragédias e preservar vidas”.

Riscos aumentam com o uso crescente de motocicletas

Com o aumento da frota de motos em Belo Horizonte — motivado por seu baixo custo e agilidade nos deslocamentos — também cresceram os índices de acidentes envolvendo motociclistas. O problema se agrava entre os condutores mais inexperientes, que têm mais dificuldades em lidar com o trânsito pesado e a ausência de espaços adequados para sua circulação.

Nesse cenário, a motofaixa surge como um instrumento técnico de ordenamento e redução de riscos. “Ela ajuda a tirar os motociclistas do chamado ‘corredor da morte’, entre os carros, e oferece uma rota mais segura, bem sinalizada e planejada”, afirma Souza e Silva.

Recurso garantido na LOA de 2025

A emenda orçamentária de R$ 400 mil inserida na LOA 2025 foi apresentada por meio de uma Sugestão Popular, mecanismo democrático que permite a entidades e cidadãos interferirem diretamente na composição do orçamento público. A CDL/BH mobilizou sua base e coletou assinaturas para legitimar o pedido, que acabou acolhido pelos vereadores da capital.

Agora, com o orçamento aprovado, a expectativa da entidade é que o recurso seja efetivamente aplicado no próximo ano. “A lei determina a execução da emenda em 2025, e isso cria uma obrigação legal para a Prefeitura. O passo seguinte é transformar esse recurso em projeto técnico e, posteriormente, em obra”, explicou Souza e Silva.

Estudo técnico e vias sugeridas pela CDL/BH

Para subsidiar o processo, a entidade elaborou uma proposta técnica detalhada, entregue à Prefeitura, na qual sugere os primeiros corredores passíveis de adaptação para as motofaixas. Entre as vias mencionadas estão:

  • Avenida Antônio Carlos
  • Avenida Amazonas
  • Via Expressa
  • Avenida dos Andradas

Essas avenidas concentram grande fluxo de motocicletas, especialmente em horários de pico, e foram escolhidas com base em critérios como largura da via, volume de tráfego e viabilidade de implantação de faixa segregada. No entanto, a CDL/BH ressalta que a decisão final cabe aos órgãos de trânsito municipais, que devem realizar estudos mais aprofundados e criteriosos.

Benchmarking nacional: experiência de outras cidades

A CDL/BH tem se inspirado em modelos adotados em outras capitais brasileiras. São Paulo, por exemplo, já está em fase avançada na adoção de motofaixas, com resultados promissores em termos de redução de acidentes e melhoria na fluidez do tráfego.

Outras cidades, como Curitiba, Fortaleza e Recife, também estudam ou já implementaram projetos semelhantes. Em todos os casos, os dados indicam que a separação física entre veículos de categorias distintas contribui significativamente para a organização do trânsito e para a segurança dos condutores.

Impactos positivos para toda a cidade

A adoção das faixas exclusivas traz ganhos que vão além da segurança. A CDL/BH aponta que essa medida tem potencial para:

  • Reduzir os congestionamentos
  • Estimular o uso consciente da motocicleta
  • Agilizar os serviços de entrega
  • Diminuir a emissão de poluentes
  • Baixar os custos operacionais para o Estado e para empresas

“O comércio se beneficia com entregas mais rápidas e seguras, os motociclistas passam a ter mais dignidade em seu trabalho e a cidade como um todo ganha em mobilidade. É uma solução que atende a múltiplas demandas sociais e econômicas”, analisa Souza e Silva.

CDL/BH quer intensificar diálogo com a Prefeitura

Com a aprovação do orçamento, a entidade agora busca fortalecer o diálogo com a nova gestão municipal, abrindo caminhos para a viabilização de um projeto-piloto. O objetivo é que esse piloto sirva de base para uma futura expansão em diferentes regiões da cidade, ajustando o modelo às particularidades de cada local.

“A criação das motofaixas pode ser o primeiro passo de uma transformação maior no sistema de mobilidade urbana. Queremos mostrar que a cidade pode, sim, ser mais inteligente, mais segura e mais eficiente. E acreditamos que isso começa com ações práticas, como essa”, finaliza Souza e Silva.

O movimento liderado pela CDL/BH representa uma evolução no debate sobre mobilidade urbana em Belo Horizonte. Ao reconhecer a importância dos motociclistas e propor soluções práticas, a entidade atua como catalisadora de mudanças positivas, que têm o potencial de impactar diretamente a qualidade de vida da população.

Se a iniciativa for levada adiante, Belo Horizonte pode entrar para o rol das cidades brasileiras que tratam a motocicleta não apenas como um meio de transporte alternativo, mas como elemento essencial da engrenagem urbana. Um novo capítulo está sendo escrito nas avenidas da capital mineira — um capítulo que privilegia a segurança, a eficiência e o respeito à vida.

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Fonte: Balcão News

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