Senado deve analisar renegociação das dívidas dos estados este mês
No início de julho, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, apresentou o Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag).
Foram mais de dez reuniões oficiais com governadores e representantes do governo federal.O projeto de lei complementar (PLP) 121/2024, que ainda aguarda definição de tramitação, visa resolver o problema do endividamento dos estados através de medidas como a transferência de ativos para a União e a possibilidade de abater dívidas com investimentos em determinadas áreas.
Principais pontos do Propag:
- Adesão dos estados:
- Estados com dívidas com o Tesouro Nacional até 31 de dezembro de 2024 podem pedir adesão ao Propag.
- Formas de pagamento:
- Moeda;
- Bens móveis ou imóveis;
- Cessão de créditos do estado para com o setor privado ou junto à União;
- Cessão de créditos inscritos na Dívida Ativa estadual;
- Outros ativos.
- Transferência de estatais:
- Empresas estatais podem ser transferidas para a União como forma de abater a dívida.
- Críticas apontam que essa prática pode levar a vendas a preços injustos, enquanto a federalização é vista como uma alternativa mais justa.
- Descontos nos juros:
- Possibilidade de reduzir os juros cobrados atualmente (4% mais correção pelo IPCA) para apenas a correção pela inflação.
- Os estados podem obter redução adicional dos juros dependendo da parcela da dívida paga antecipadamente.
- Fundo de Equalização Federativa:
- Valor correspondente a 1% dos juros será destinado a um fundo que visa melhorar infraestrutura, segurança pública, educação, enfrentamento das mudanças climáticas, entre outros.
- Superendividados:
- Estados mais endividados, como São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, representam quase 90% dos R$ 764,9 bilhões devidos à União.
- Reinvestimento dos juros:
- Juros adicionais ao IPCA podem ser reinvestidos em infraestrutura pelo próprio estado, em áreas como educação profissional técnica, saneamento, habitação, adaptação às mudanças climáticas, transportes e segurança pública.
- Arcabouço Ffiscal:
- Adoção de um regime fiscal similar ao “novo arcabouço fiscal” (Lei Complementar 200, de 2023), limitando o aumento de despesas primárias à inflação, a menos que haja aumento na arrecadação.
- Prazos e Sanções:
- Refinanciamento em até 360 parcelas mensais, com valor mínimo de R$ 10 milhões por parcela.
- Proibição de novas operações de crédito para pagamento das parcelas, sob pena de desligamento do Propag, e sanções para atrasos no pagamento.
Desde o final de 2023, segundo a Agência Senado, que Rodrigo Pacheco vem conduzindo reuniões para tratar das dívidas estaduais, culminando na apresentação do PLP 121/2024. Governadores de estados endividados, como Minas Gerais e Goiás, participaram ativamente dessas discussões, sugerindo alternativas para flexibilizar a gestão estadual e criticar os atuais juros cobrados sobre as dívidas.
As dívidas dos estados remontam às décadas de 1970 a 1990, quando estados emitiam títulos de dívida para aumentar a arrecadação. Crises econômicas e altas de juros levaram a uma séria condição fiscal, levando a União a assumir e refinanciar a maior parte das dívidas em 1997.
O Propag busca oferecer uma solução estruturada para o endividamento dos estados, promovendo a adimplência e permitindo investimentos estratégicos para o desenvolvimento regional e nacional.
Fonte: Balcão News